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Como mãe, sempre temi a fase da adolescência por considerar ser a mais difícil e desafiante de todas. Criei este espaço para podermos partilhar experiências com vista a melhorar a nossa tarefa. Vamos ver o que dá...
Sábado foi dia de mudar de visual. São 11 anos e gostos próprios que eu tento respeitar...
Lá fomos nós na hora marcada, com foto, para mostrar à cabeleireira, do corte que queria fazer, naquele cabelo lindo e desalinhado que me fazia vê-lo ainda como o meu bebé.
Desde pequeno que é ele quem decide o corte de cabelo, mas até agora tem sido muito parecido com os meus gostos - cabelo mais compridinho - e eu não só não me meto como até me divirto a vê-lo inspecionar minuciosamente o trabalho dos profissionais - é muito exigente e não pára de questionar, não permitindo qualquer tipo de falha.
Desta vez a escolha levou inclusive a corte com máquina. Quando a cabeleireira fez o anuncio, até estremeci - não gosto particularmente de cabelos muito curtos em homens -, mas como mãe que respeita o seu filho nas suas escolhas - desde que aceitáveis e razoáveis -, lá disfarcei o nervosismo e apoiei-o, como sempre tento fazer. Se quero que ele tenha identidade própria tenho que respeitar, o mais possível, os seus gostos pessoais.
Foi uma verdadeira "carecada", mas fica-lhe bem e realça os olhos e o rosto - há que ver o lado positivo da coisa -, mas em menos de meia hora o meu príncipe passou de "bebé" grande a pequeno homenzinho... Está lindo - que mãe não acha o seu filho lindo, em qualquer circunstância -, mas é oficial que está a crescer rápido demais e a ganhar asas para voar!
O resto do dia correu muito bem e no final ele disse-me: "Mãe, já reparaste que hoje me respeitaste mais e não me ralhaste tanto?"
Eu respondi: "É, hoje estás mais crescido, mais responsável!"
Assim se acorda para a realidade!!!
A vida nem sempre é fácil, nem nós estamos sempre no nosso melhor... Nestes momentos, inevitavelmente - digo eu -, os mais próximos acabam por padecer deste nosso mau estar. É um misto de nervos e falta de paciência, que resulta na culpa por "descarregar" neles energias que não são propriamente as melhores. Esperamos, no entanto, que haja alguém com bom senso e sabedoria para nos chamar à razão no tom certo, por forma a que tudo aquilo termine da melhor forma possível.
Quando a família é de dois sendo um deles pré adolescente, tudo se pode complicar e mesmo depois de passada a "tempestade", vêm os remorsos, inevitavelmente, que derivam da consciência de não termos sido propriamente justos, de não termos agido como seria suposto e desejável. É então momento de humildemente pedir desculpa pelo sucedido e talvez até explicar o motivo pelo qual estávamos meio descontrolados, porque eles são crianças mas não são "burrinhos" e percebem, com certeza, que todos temos momentos e dias assim, menos bons, de algum descontrolo, lamentavelmente.
Como em tudo na vida, não há nada que o diálogo não resolva, se houver honestidade e humildade nas palavras. Quando há amor e compreensão é possível!
Desculpa filho!
Hoje, dia em que se celebra, oficialmente e por todo o mundo, o amor, quero dizer-te que não tenho palavras para quantificar o que sinto por ti, de tão grandioso que é este sentimento. Amo-te daqui até à lua e da lua até aqui, vezes e vezes sem fim.
Tu ensinaste-me a amar de uma outra forma, numa outra dimensão, que nada e ninguém poderá jamais destruir. O amor que sinto por ti é único, intransmissível e insubstituível, não podendo ser comparado a nenhum outro por ser tão único e especial. É assim o amor de uma mãe por um filho, tal como é único o amor de um filho pelos seus pais.
Viver e partilhar a vida contigo é uma bênção e traduz-se num processo de aprendizagem constante, onde o objetivo é cada um de nós se transformar na melhor versão de si mesmo.
Somos muito felizes juntos - sinto-o e vejo nos teus olhos - e desejo que assim seja sempre.
Amar-te, ter-te perto de mim, ver-te crescer, partilhar a vida contigo - o melhor e o menos bom -, é para mim uma bênção, a maior de todas as graças que me podia ter sido concedida. Tu sabes - porque sentes o mesmo em relação a ti - que eu sou a pessoa mais importante da minha vida, mas és tu quem mais potencializa a felicidade e o amor que sinto, todos os dias!
Amo-te filho e viver este amor faz-me ainda mais feliz!!!
PS - Hoje não estamos fisicamente juntos, por isso desejo que tu e o pai aproveitem este dia de forma especial, com todo o amor. Amanhã, comemoramos nós, com tudo o que temos direito, porque tudo o que é bom na nossa vida é motivo para festejar!
Faz hoje quatro anos, filho, que começamos uma nova vida... a dois.
Foi um novo começo para mim, mas sei que o foi também para ti, e não foi fácil...
Crescemos muito, juntos e fisicamente separados, nestes quatro anos e tal como me disseste um dia: "Sabes mamã, a vossa separação foi muito importante para mim, porque me fez dar mais valor à vida" - não imaginam o que senti quando ouvi o meu filho, então com 9 anos, dizer-me isto...
Pois é filho, a vida ensinou-me muito mas tu não me tens ensinado menos e de ti recebo grandes lições de amor, compreensão, aceitação e amizade. Partilhamos tudo e é isto que nos faz crescer, tu e eu. Ouvimos o outro sempre com muita atenção e entendemos perfeitamente o que cada um de nós pensa e sente, nas mais diversas situações. Apoiamo-nos, compreendemo-nos e a crítica, quando existe, é construtiva. Aceitamos no outro e em nós mesmos que não somos perfeitos - somos humanos -, mas valorizamos tudo e respeitamos, que é o mais importante.
Dou por mim a ter conversas contigo que não tenho com a maioria dos adultos que me rodeiam e sinto que me entendes melhor do que ninguém.
Entre nós não há orgulho, é palavra e emoção proibida, nem há lugar a zangas muito menos a ressentimentos. Tudo é falado, "discutido" e tratado no momento, para que não fique nada por dizer, nada por fazer. Nunca, jamais, deixamos de dialogar e por pior que seja a desavença, falamos, falamos e falamos até que deixe de existir.
Das coisas mais importantes que tento passar para ti é que temos que amar e respeitar os outros tal como são e não como gostaríamos que fossem. Temos e devemos reconhecer as qualidades, realçando-as, mas também é importante reconhecermos e aceitarmos os defeitos e as falhas - nossas e dos outros - continuando a amar, mas sem fantasias. Sempre que fantasiamos algo ou alguém, mais cedo ou mais tarde, somos deparados com a realidade e nesse momento somos obrigados a fazer o luto do conto de fadas que existiu, como todos os outros - apenas na nossa imaginação.
Exponho, a ti, as minhas fragilidades para que percebas que todos as temos, é normal, e não é por isso que somos menos, melhores ou piores do que os outros. O que importa é sermos nós mesmos e amarmo-nos incondicionalmente, em primeiro lugar e acima de tudo, com humildade.
É este o caminho que temos feito, lado a lado e, com altos e baixos, como acontece com todos, as coisas têm corrido bem e somos os dois assumidamente felizes.
Assim vivemos, assim aprendemos e crescemos, assim somos felizes todos os dias da nossa vida, apesar das dificuldades e contrariedades!